6.07.2009

NASCE...

O último ano tem se revelado fundamental quando olho para frente. Planos, sonhos, decisões... Foi sentado na entrada de uma coxia que Gerald Thomas me disse: “acho que está na hora de você ir e acreditar mais em você!”. Estávamos no meio de 2007. Remoendo diariamente a cobrança de que eu, de alguma maneira, fugia de qualquer confronto com meus pensamentos e arte, decidi seguir mais uma vez os conselhos desse qual chamo sem pudor algum por pai. Porque fora Gerald quem me mostrara todos os princípios que me tornaram um artista inquieto e desagradável. Porque fora ele quem me ensinara a triste opção de valer-me da própria vida transpondo-a ao simbolismo do inconformismo. É cedo, com certeza, para falar em ‘minha arte’. Mas cedo, sempre será. Então me arrisco. E volto ao centro do desafio de me mostrar quem sou. Se o que trago ao público hoje é fato, então é porque Gerald soube me conduzir ao mais tenebroso e viciante aspecto da vida: a alma humana. Que seja assim, então.
Eis que surge hoje, para todos, a Cia. de Teatro Antro Exposto.Ainda é preciso, todavia, assumir outro responsável. No ano que passara, e assim tem sido cada vez mais, Zé Celso, aquele que me levara, aos 20 anos, desistir da medicina para ingressar ao teatro, tem oferecido seus mais gentis abraços. E no respeito construído, nos encontros casuais, nas conversas sigilosas entre olhares, igualmente me confronta ao espelho como se dissesse: “Já não é hora...?”. Disse-lhe dias atrás: “Eu te entendi. Você não tem a sabedoria de quem viveu, mas de quem está vivo!”. No pulso heróico, erótico, da compulsão pela vida, Zé Celso me mostrara outra vez o caminho. Minha vida não são coleções de discursos retóricos e idéias desarranjadas ao tempo. Ao contrário. Justifico-me na relação do conjunto, na absorção do outro, na transformação do todo, em busca da sobrevivência do que há de menor e mais precioso em mim: minha humanidade. Que seja assim, então.
E eis que surge, hoje, para todos, a Cia. de Teatro Antro Exposto.E ainda outros: Samir Yazbek, Silvana Garcia, Alberto Guzik, Heloísa Sales, Ivam Cabral, Ana Helena Curti, Fernanda Borges, Kiki Vassimon, Guga Stroeter, Celso Cury, Thaís Ruiz, Pascoal da Conceição, Leona Cavalli, Celso Frateschi, Helena Katz, Christine Greiner, Dora Longo Bahia, Nelson Leiner, Aimar Labaki, Eugênio Bucci, António Araújo, François Tanguy, Patrick Grant, Matthew Barney, Verônica Cordeiro, Carlos Augusto Calil, Diva Pavesi, Eduardo Semerjian, Edson Zampronha, Fabiana Gugli, Pancho Cappeletti, Cibele Forjaz, Lúcio Agra, Renato Cohen, Luís Damasceno, Agnaldo Farias, Clóvis Garcia, Dalva Abrantes, Sérgio Coelho, Suely Rolnik, Camila Morgado, Tânia Torraca, Gleico, Juliano Antunes, Walter Garcia, Jorge Carvajal, Célia Ramos, Amadeo Lamounier, Cássio Pires, Domingos Varela, Geondes, Natália Lorda, Thaís Almeida Prado, Pedro Brás, Carla Bastet, Sônia Lopes, Fernando Coimbra, Aline Fanju, Lígia Tourinho... Cada um, amigo, colega, chefe, professor, mestres às suas maneiras, construíram algo e destruíram outros tantos para que do caos chegasse eu ao meu ‘segundo nascimento’, como diria Zé Celso.

E também Priscila e Régis Dudena, por estarem desde sempre ao meu lado, acreditando num futuro pra eles tão óbvio e que para mim apenas agora chega à realidade.

Nada disso seria possível não fosse o amor incondicional e a presença completa de Patrícia.Nada seria possível não fossem Eduardo e Maria Helena loucos suficiente para aceitarem como genro um garoto, na época, de cabelos compridos, roupas pretas rasgadas, pés descalços, fumante e aspirante a artista.Nada disso seria possível não fosse a persistência de Diego Torraca, Guilherme Gorski, Priscila Nicolielo, Giuliana Rocha, Ana Carolina Godoy, Gabriela Rosas, Tiago Torraca e Raiani Teichman em me apoiar e conduzir por suas cobranças a efetivação da companhia.
E Gustavo Palma. Eterno companheiro. De cena, de discussões, de discordâncias, de confrontos, de cervejas, risadas, viagens e viagens transportadas em idéias para milhares de rascunhos em guardanapos. Nasce a Cia. de Teatro Antro Exposto!
Um medo horrível.Uma dor indescritível.A vontade de abraçar a cada um dos citados acima e agradecer por tudo ou nada ou pelo fato de existirem em minha vida em algum momento.Não é mais possível dormir.
A insônia agora passa a ser companheira...Junto a uma puta vontade idiota e romântica de querer mudar o mundo.
RUY FILHO

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do que e como escreveu, emocionante e sincero, e tão próximo!

Torço por suas descobertas.

bjim

Valéria

lili disse...

é bonito de ver...
enche o peito de alegria... movimenta a caixinha das lembranças...
saudade de estar por perto...
de sonhar junto mais de perto,
de parir e abortar junto mais de perto...
amo vocês
amo a gente
amo ter vocês na minha trajetória...tão intransferíveis,tão inesquecíveis,tão insubstituíveis...
uma história partilhada tão única!
tô aqui...feliz....muito feliz!
parabéns!!!
até já!!!
beijinhos
fanju