6.07.2009

ESTRANHAMENTE PARTICULAR

O grupo de elásticos que deveria ser solto ordenadamente, de maneira a atingir seus pontos de fixação espalhados por todo o teatro, se confunde entre o braço da atriz e percurso, embaralha-se, e à violência do movimento linear previsto vê o perigoso emaranhado voltar-se para uma direção imprevista. Entre o novo caminho e o repouso, uma lâmpada fria é rasgada ao meio. O som de explosão. Pedaços. O linóleo preto maculado pela fina poeira branca que compunha a luminescência.Dito assim, a cena mais parece a descrição de um vídeo provocado. Nada disso. A explosão da lâmpada ao ataque dos elásticos, na passada apresentação de Complexo Sistema de Enfraquecimento da Sensibilidade, deu ao espetáculo outro tom. Ganhou perigo real, de risco físico. Atores nervosos, público assutado, improvisações no restante do desenho de luz. Ainda estávamos a poucos minutos do início.
O que mais me fascina no teatro é a imprevisibilidade. Do ator à cena, da dramaturgia ao público. Hoje, quinta, os atores foram ao máximo para dar ao espetáculo sua magia. Em um dia especialmente estranho, a emoção ao fim traduzia a vontade de abraçar cada um. A voz embargada, os olhos marejados. Sei que agradeci ali mesmo, em público. Só que não bastara. E continuo, agora em meu quarto, a lembrar cada segundo, cada um dos rostos. Seria impossível dormir sem antes agradecer novamente a Diego, Gabi, Giu, Guilherme, Raí e Tiago. E também Priscila e sempre minha Patrícia.Obrigado a todos e parabéns pelo espetáculo impecável. Eternamente, obrigado...
RUY FILHO
06 DE FEVEREIRO DE 2009 - SATYROS 2

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