Protótipo da epopéia de retificação da estrutura do papel... Do Aluno, sem luz...Crítica da peça Complexo Sistema de Enfraquecimento da Sensibilidade.Comecemos assim: Primeiro tópico, o trabalho da sociedade humana frente às novas gerações e todo embate provocado. Acreditamos que os mestres de nossa vida, são aqueles que nos ensinam o que sabem, será... O conhecimento só pode ser construído na diferença, cada ser um mundo novo, acredito. A nova geração vem para matar o velho, sem exceção, quando isso não ocorre devemos nos preocupar, afinal ninguém quer torna-se salsicha prensada...Lembro-me de uma palestra do Abumjamra, comentando a incapacidade que a nova geração tem frente ao passado geracional. Estudo de caso: sempre lembrado de forma idílica da década de 70, onde valores e morais estavam sendo debatidos, para se construir o novo, e nós os jovens da arte, com nossa incapacidade de construir o pós (qualquer coisa). Ás vezes me questiono se realmente não sou bem mais moralista e tradicional do que meus pais e me reconheço assim na permanência de valores repetidos anteriormente pelos meus avós...Porém em consonância com a peça Complexo Sistema de Enfraquecimento da Sensibilidade reconheço a incapacidade do torturador em tocar o instrumento que era utilizado como símbolo de fragilidade e sentimento do novo. Para fazer arte é necessário estar impregnado de alguma forma do espírito da época, ao menos se a intenção real seja a de reprodução pura e simplesmente.No estranhamento que construímos o eu, bem como o outro. Valores diferentes na relação social, indivíduo se constrói frente ao outro. Conceito básico importado da Antropologia, a natureza humana como fim em si já era pressuposto metodológico para Marx, de construção do que a sociedade poderia fazer com os seus em estágio de evolução, tanto material quanto cultural.O verdadeiro protocolo da reificação de um mundo no qual somente as coisas agem, onde o tempo humano desapareceu e onde o próprio homem tornou-se um simples espectador reduzido ao estado mais abstrato: um olho que registra. (Lucien Goldmann, Recherches dialectiques).O herói descontrolado, problemático, romanesco tem como prerrogativa uma palavra que tomo emprestada do vocabulário americano, uma definição primordial para discutir esse tipo ideal, o FUCKED UP... Aquele que é incapaz de fugir da sua fortuna pela contradição que se estabelece no cerne de sua existência determinado pelo valor de uso e pelo valor de troca, o herói não se conforma com a sociedade tal como ela é dada e não aceita o valor de troca. Um inadaptado que caminha pelo mundo como dinossauro cujos sentimentos excedem a capacidade de compreensão das pessoas rotineiras e grita o Ai de mim... Da alma.Dessa forma, pensa e age pelo simples prazer de acreditar em um valor primário que aparece hoje em dia dissolvido em um monte de palavras que perderam sua função real. Seu valor de uso é do sentimento, de solidariedade entre pessoas, do afeto, do carinho, do tempo da disponibilidade do amor, por conseqüência a dor nasce da incapacidade de agir de acordo com qualquer outro uso social de suas ações que não perpassem esse tipo de Moral.Nunca mais... (Edgar Allan Poe - O corvo)O idílico volta mais uma vez se, pensarmos que há uma vontade de reminiscência de uma solidariedade mecânica que está impregnada de passado de uma busca incondicional ao fracasso, e que a sociedade moderna tende a crer que dessa forma há uma dissolução no outro que é inevitável, uma solidariedade orgânica de Durkheim que contamina e dissolve o novo adaptando-o a crua realidade do sistema quase orgânico no sentido do corpo humano.A morte é dos nossos, sem enterro, não há espaço para Antígonas, abandonamos Ulisses e suas peripécias. Em sua viagem, Ulisses volta ao passado, à era de ouro, à história da Grécia... A distância torna-se radical e construímos seres impossibilitados de agir frente essa força social bruta, como os heróis kafkianos que acordam insetos, ou a espera eterna por um personagem que não chega Godot, ou o Ulisses de Joyce que faz a barba e pensa no que irá realizar no seu dia, tempo moderno pautado no acordar e dormir.Morrer, dormir não mais, morrer, dormir, talvez sonhar... (Shakespeare - Hamlet)A dúvida mortal de toda essa jornada é imaginar se o herói moderno é o torturado ou o torturador, até que ponto eles se assemelham ou se afastam e se o anseio é à volta ou a ida...Agora, a certeza é que eles definitivamente estouraram o balão. Não há mais volta, as coisas estão organizadas, o cenário está colocado, e as cadeiras continuam enferrujadas e são ainda assim, poucos que podem sentar-se nelas.Mother do you think they will drop the bomb... (Pink Floyd, The Wall)Garanto que ao assistir a peça não me restava dúvida de que deixaria escapar as referências possíveis mesmo dentro do meu espectro de mundo. A minha retificação também estava em questionamento.O romance já foi tratado de tantas formas por tantos autores, e penso que ele acaba de ser introduzido ao teatro, pela CIA Antro Exposto. Benjamin fala da morte do narrador, outros da História compartilhada, ainda assim fico com Bakhtin...O romance é o único gênero não acabado, em devir, que desconhece qualquer cânon. Ele formou-se em oposição à epopéia, no "processo de destruição da distância épica, no processo de familiarização cômica do mundo e do homem, no abaixamento do objeto da representação artística ao nível de uma realidade atual, inacabada e fluida". (Mikhail Bakhtin, Questões de literatura e estética).
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Há 10 anos
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