Aprendemos a valorizar o lucro acima de tudo; abandonamos o desejo pela compra fácil e transitória do prazer, capitalizamos as emoções em respostas quantitativas aos interesses imediatos e superficiais do modismo; esquecemo-nos de imaterializar as relações e as conseqüências de nossas vontades.
Entulho trata ficcionalmente dessa nossa atual condição de consumidores compulsivos, materiais e emocionais, revelando um personagem dilacerado, abandonado em seus próprios pertences, enquanto descobre ser igualmente produto da sociedade qual constrói. Na luta entre o deixar de ter e o querer ser, o espetáculo traduz a dificuldade em nos reencontrarmos como símbolos poéticos.
A encenação propõe a anulação da voz do ator substituindo-a por gravações apresentadas durante o espetáculo em off.
É no embate do silêncio com a consciência transitória e ilusória das vozes que o personagem de ‘ Entulho ’ mergulhará em uma busca frenética por sua própria identidade.
RUY FILHO
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