5.05.2010

EMVÃO por Caren Luci Pinto

Podem chamar de experimental. Eu vou além. Um realismo desnudo da velha roupagem do moralismo, ditadura, convenções... A metáfora mais rica de detalhes, riscos, traços, risos, indicações e certeza que eu já vi. Poesia. Prosa, verso, o inverso daquilo que é visível, mas que não é invisível e nem palpável. Em alguns momentos voltei a ser criança. Banho na chuva, pedrinha no lago, escutei a minha mãe chamando "Entra filha. Tá tarde!". Em outros me senti uma adulta querendo voltar a ser criança, mas presa pela referência, muitas vezes amarga, que a vida nos dá. Consegui pensar em mil coisas ao mesmo tempo, curtir o momento, participar (mesmo que sentada) com o olhar fixo, algumas vezes marejado, ou acompanhado de um sorriso espontâneo sem saber se era mesmo o momento de sorrir. Como é possível que poucas pessoas, num espaço pequeno, consigam tornar grande a nossa imaginação. Vi a alma dos atores, do diretor, dos músicos. A sinergia com o palco, objetos cênicos. Sincronia com os "efeitos sonoros" e trilha. Cumplicidade com cada gota de botão que caía. Fui tocada por um deles, literalmente. Peças como essa, fazem nós artistas acreditarmos que a arte não está totalmente banalizada. E nós, humanos, acreditarmos que é impossível ser feliz sem arte. Quando saí queria mais. E aí sim se fez o vão!

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Um comentário:

CL disse...

Fico feliz que tenham gostado das poucas palavras. O que pra mim é um privilégio. Mais uma vez, parabéns à família Antro Exposto.